Fr. Slavko Barbaric, 1996
I.
É um facto incontornável: numerosos grupos de oração espalhados pelo
mundo inteiro, foram fundados pelos peregrinos de Medjugorje, como
resposta a um desejo expresso da Virgem. É difícil conhecer o número
exacto, mas são milhares (Cf. René Laurentin, Eight years, 1989,
Milford, Ohio, The Riehle Foudation, page 56).
O
primeiro grupo de oração formou-se a 4 de Julho de 1982, um ano depois
do início das aparições de Nossa Senhora. Este grupo ainda se encontra
activo e é necessário referir-se que se trata de um grupo particular.
Segundo o testemunho do Ivan, a Virgem chamou aqueles que desejavam
reunir-se para rezar em conjunto, acrescentando que Ela própria estaria
com eles de uma maneira especial. A Virgem apelou, igualmente, à criação
de grupos de oração em todas as comunidades paroquiais, para que,
através da sua oração, pudessem ajudá-La a realizar os planos que o
Senhor Lhe tinha confiado.
No início, o grupo
reunia-se três vezes por semana no Podbrdo: às segundas, quartas e
sextas. Durante a oração, a Virgem aparece e dá breves mensagens. Ivan,
Marija e Vicka vêem-n’A, mas só o Ivan pode falar-Lhe e entender as Suas
mensagens. Se o Ivan tem qualquer impedimento, é substituído pela
Marija e, no caso de esta estar ausente, por Vicka. Por vezes, os
encontros reservam-se unicamente ao grupo, constituído por cerca de
quarenta pessoas mas, outras vezes, abre-se a todos. Neste últimos
tempos, os encontros dão-se duas vezes por semana, às segundas e sextas
e, de há pouco tempo, às terças e sextas.
Estes encontros são muito simples: a recitação do Rosário, os cânticos, a
leitura da Escritura e as mensagens. Dão-se habitualmente ao ar livre,
no Podbrdo e, por vezes, no monte Krizevac, independentemente das
condições atmosféricas.
Os encontros deste grupo
de oração são significativos para os planos que o Senhor confiou a
Maria, Sua humilde Serva, mas são igualmente importantes para o
crescimento espiritual de cada um dos membros do grupo.
À pergunta: “Que significa, para ti, participar no grupo de oração?”, o vidente Ivan respondeu:
“Participar no grupo de oração é muito importante para mim… Eu aprendo a
rezar em grupo e não consigo imaginar o meu crescimento espiritual sem o
grupo de oração”.
II.
Um segundo grupo de oração foi fundado por Jelena Vasilj em Março de
1983. Nesse tempo, Jelena era uma jovem menina de dez anos que tinha e,
que ainda tem, a experiência de locuções interiores. Segundo o seu
testemunho, a Gospa fala-lhe e ensina-a. Este grupo reunia-se no salão
paroquial, depois da missa vespertina. O grupo era acompanhado pelo
Padre Tomislav Vlasic e, de quando em quando, por outros sacerdotes.
Durante o encontro – constituído por orações muito simples e por
cânticos – a Gospa dava mensagens ao grupo por intermédio de Jelena,
ensinando-os a orar. Um dos três encontros semanais de oração era
oferecido pelo bispo local e o outro servia para partilhar
experiências.
Este grupo encontrou-se
regularmente até 1987. Todos aqueles que queriam pertencer ao grupo
deviam comprometer-se a não tomar nenhuma decisão em relação à sua vida
durante quatro anos. Quando uma parte do grupo partiu para Itália com o
Padre Tomislav Vlasic, todos os que ficaram continuaram ainda a
reunir-se durante algum tempo, mas depois cessaram as reuniões.
Actualmente, sob a direcção do Padre Tomislav, está a criar-se uma
comunidade chamada “Rainha da Paz – completamente Teus – por Maria a
Jesus”, e que, em Itália, foi juridicamente reconhecida “ad
experimentum”, por um bispo. Tem candidatos, postulantes, noviços,
pessoas que já fizeram os seus votos, e um grande número de
colaboradores externos fraternidades organizadas como grupos de oração.
Inicialmente, Jelena transmitiu a seguinte mensagem:
A Gospa disse: desejo ter aqui um grupo de oração. Eu guiá-los-ei e
darei as regras de consagração. Com estas regras, cada um, no mundo,
pode consagrar-se. Reflictam durante um mês, mas transmitam as condições
que lhes dou.
Em primeiro lugar, renunciem a tudo e
entreguem-se completamente nas mãos de Deus. Todos devem renunciar a
todo o tipo de medo, porque se se abandonarem a Deus, não há lugar para o
medo. As dificuldades, que encontrarem, favorecerão o vosso crescimento
espiritual e serão para glória de Deus. Convido os jovens, pois as
pessoas casadas têm as suas obrigações. Mas todos os que desejam
participar neste programa podem segui-lo, mesmo que o façam
parcialmente. Eu guiarei o grupo.
Para além
destes encontros, a Gospa pediu ao grupo que fizesse Adoração nocturna
uma vez por mês, o que grupo fez, habitualmente, na noite do primeiro
sábado do mês, concluindo-a com a missa dominical.
III.
Depois deste breve resumo dos factos, tentemos responder a uma questão simples: o que é um grupo de oração?
Um grupo de oração é uma comunidade de fiéis que se reúnem para orarem
uma ou mais vezes por semana ou por mês. É um grupo de amigos que rezam,
juntos, o Rosário, que lêem a Sagrada Escritura, que participam na
Eucaristia, que se visitam mutuamente, e que partilham as suas
experiências espirituais. É sempre aconselhável que o grupo seja
acompanhado por um sacerdote, mas se isso não é possível, os seus
encontros devem desenrolar-se com simplicidade.
Os videntes
sublinham, sempre, que o primeiro e mais importante grupo de oração é,
na realidade, a família e que somente na sequência disto, se pode falar
de uma verdadeira educação espiritual que encontra a sua continuidade no
grupo de oração. Cada membro do grupo deve ser activo, participar na
oração e partilhar as suas experiências. Somente assim o grupo pode
viver e crescer.
IV.
O fundamento bíblico e teológico do grupo de oração encontra-se,
principalmente, nas palavras de Cristo: 19«Digo-vos ainda: Se dois de
entre vós se unirem, na Terra, para pedir qualquer coisa, hão-de obtê-la
de meu Pai que está no Céu. 20Pois, onde estiverem dois ou três
reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles (Mt 18, 19-20)»
De facto, o primeiro grupo de oração nasceu durante a primeira novena
de oração depois da Ascensão de Cristo, quando a Virgem orou com os
Apóstolos, esperando em oração que o Senhor Ressuscitado cumprisse a Sua
promessa e enviasse o Espírito Santo, o que realmente sucedeu no dia de
Pentecostes (Act 2, 1-5).
A Igreja dos
primeiros tempos prolongou esta oração, como nos diz S. Lucas nos Actos
dos Apóstolos: 42Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união
fraterna, à fracção do pão e às orações e 44Todos os crentes viviam
unidos e possuíam tudo em comum 45Vendiam terras e outros bens e
distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada
um. 46Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo,
partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e
simplicidade de coração. 47Louvavam a Deus e tinham a simpatia de todo o
povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham
entrado no caminho da salvação”.
V.
Existe, certamente, uma razão sociológica subjacente à existência de
grupos de oração, particularmente no tempo presente. Cada um deve,
individualmente, cuidar do seu crescimento espiritual pessoal mas, por
causa da estrutura humana psico-fisiológica, a comunhão com os outros é
indispensável para esse crescimento. É particularmente importante nos
dias de hoje, em que o ritmo de vida facilmente conduz à perda do
indivíduo. O grupo representa um compromisso: ele permite aos membros
permanecerem mais facilmente fiéis ao ritmo da oração. O grupo favorece o
crescimento espiritual, rectifica-o quando se torna necessário e
inspira. A experiência de uns enriquece e ilumina a experiência de
outros. Quem permanece sozinho corre o risco de crescer sem nenhum
controlo.
No seio de um grupo de oração, as
dificuldades podem ser mais facilmente superadas: elas transformam-se e
podem tornar-se ricas experiências espirituais. O grupo favorece
igualmente a explosão de carismas e da sua orientação.
VI.
O vínculo entre os grupos de oração mariana e a comunidade paroquial é
claro e significativo. No entanto, o grupo não deve jamais afirmar-se
como supervisor das actividades litúrgico-pastorais da paróquia.
Contudo, existe de facto esta tentação por parte dos grupos que não são
bem acolhidos pela equipa pastoral paroquial, algo que não é raro
acontecer. Numerosos sacerdotes manifestam, efectivamente, uma certa
resistência em relação aos grupos de oração, em geral e,
particularmente, aos grupos de oração que nasceram como fruto de
Medjugorje. Se não se está atento, estes grupos podem desenvolver um
espírito negativo e crítico em relação a tudo aquilo que o pároco da
paróquia decide. A consequência é criar-se uma distância e uma
marginalização do grupo, que assim se expõe directamente ao perigo de se
separar da comunidade paroquial.
Não desejo
abordar a problemática da relação entre a comunidade paroquial e o grupo
de oração, mas sublinhar, forte e explicitamente, que um grupo de
oração de espiritualidade mariana não deve, jamais, deixar-se provocar
ou marginalizar: arriscar-se-ia a chegar a limites extremos, a deixar-se
levar mais para a esquerda ou para a direita, tornando-se sectarista, o
que seria danoso, quer para o grupo, quer para a comunidade paroquial.
Um outro perigo que muitas vezes se encontra nos grupos
de oração mariana é a criação de uma atmosfera apocalíptica ou
catastrófica. Estes grupos parecem tudo saber sobre os acontecimentos
futuros, as catástrofes e cataclismos e difundem um espírito de medo e
de angústia. O seu “conhecimento” é sempre alimentado por uma procura de
pessoas que transmitem mensagens deste género. Sucede facilmente que
estes grupos sabem muito mais sobre os acontecimentos futuros, do que
aquilo que o próprio Jesus nos disse no Evangelho. Um tal espírito
catastrófico-apocaliptico é, muitas vezes, alimentado pelos “segredos”,
que a fantasia doente transforma em certezas relativas quanto ao futuro.
Se um grupo sucumbe a uma ou a outra destas
armadilhas, já não se encontra dentro do espírito mariano. Maria é Mãe e
uma mãe nunca espalha o medo ou a angústia no meio dos seus filhos, mas
educa-os na paz e na confiança.
O grupo de
oração deve, não só, estar ligado ao pároco e à equipa paroquial, como
também, deve ser o coração e a alma da cada comunidade paroquial. Os
grupos marianos são, por natureza, as “células maternais” das suas
comunidades paroquiais que, ao viverem a sua vida de oração, desenvolvem
as atitudes maternais da paróquia.
Estas
“células maternais” geram novos fiéis convictos, renovam e protegem as
famílias, educam os jovens, suscitam vocações e desenvolvem actividades
de todo o género: litúrgico-pastorais, mas igualmente, obras de
caridade, de serviço aos mais idosos, aos doentes, aos excluídos, aos
prisioneiros.
Tudo isto se resume nas palavras do Papa João
Paulo II, escritas na sua Encíclica “O Evangelho e a Vida”: a vida deve
ser”respeitada, defendida, amada e deve ser servida” (Cf. O Evangelho e
a Vida, 1995, nº5). Os grupos marianos, enquanto “células maternais” da
paróquia, agem somente segundo os critérios transmitidos por Jesus e
coligidos por S. Mateus no capítulo 25, 31-46 do seu evangelho, onde uma
coisa se torna claríssima: as orações, os jejuns, as missas e as
confissões devem desenvolver o amor em relação a todos os homens e a
coragem de servir o outro e a todos. O espírito e o coração maternos
reconhecem as necessidades das crianças e reagem, infatigáveis, para
além de todas as leis, para além de todas as regras.
Estes
grupos trarão, sem dúvida alguma, à Igreja contemporânea um real
renovamento da vida cristã e revelarão a sua verdadeira face que,
actualmente, corre o risco de ser completamente desfigurada.
VII.
Resumindo tudo aquilo que a Gospa pediu aos grupos de oração, em
Medjugorje, pode dizer-se que, inicialmente, se tratou de uma firme
decisão pela oração quotidiana, depois pela participação na Santa Missa,
pela confissão mensal, pelo testemunho e pelo participação na vida da
paróquia. Uma vez, antes do Natal, a Gospa pediu a cada membro do grupo
que fizesse uma boa acção. Eles foram ao encontro de pessoas idosas,
visitaram os doentes e os inválidos, resolveram ajudar a reparar as
casas das pessoas pobres e prepararam lenha para o Inverno, etc…
Sob o ponto de vista espiritual e em relação aos encontros de oração
que tinham durante a semana, pediu-lhes, adicionalmente, que fizessem
retiros espirituais de um dia ou mais e, também, que fossem até à
natureza para aí fazerem exercícios espirituais.
Através das mensagens, é possível estabelecer algumas regras para os grupos de oração, inspirados por Medjugorje.
1. Renunciar a tudo e abandonar-se completamente a Deus, crendo firmemente que tudo o que acontece se transformará em bem;
2. É um apelo dirigido, principalmente, aos jovens: que participem em grupos de oração
3. Renunciar a todo o medo e a toda a angústia, porque o abandono a Deus não deixa nenhum lugar para o medo
4. Amar os inimigos e afastar definitivamente do coração todo o ódio, amargura ou julgamento
5. Jejuar duas vezes por semana
6. Participar nas reuniões do grupo pelo menos uma vez por semana.
7. Decidir-se
a rezar três horas por dia: rezar de manhã e à noite, participar na
Missa, comungar, participar na Adoração e estender a oração ao trabalho.
8. Rezar pelos bispos e por todos os que detêm o poder na Igreja.
9. Comprometer-se
a permanecer no grupo de oração durante quatro anos e aproveitar esse
tempo, para amadurecer pessoalmente e, também, durante esse tempo, não
tomar nenhuma decisão em relação à sua vida.
10. Cada grupo deve ser acompanhado por um sacerdote.
A 25 de Abril de 1983, a Gospa deixou a seguinte mensagem a Jelena:
“Diz aos meus filhos e às minhas filhas que o meu Coração arde por eles.
Eu só peço a conversão, somente a conversão”.
VIII.
Relativamente ao seu grupo de oração em Lima, no Perú, Cecília Battle de Zavala, escreve:
- cada terça-feira, reúnem-se para rezar o Rosário, para a leitura das mensagens, o ensinamento, os testemunhos. O Padre Angelo Costa, o seu guia espiritual, vem uma vez por mês, para acompanhar o grupo.
- é composto por um grupo de mulheres, cujo número aumenta continuamente, que se dedica aos presos, reza com eles, leva livros, visita e ajuda as suas famílias.
- um grupo vai, regularmente, aos hospitais para visitar os doentes, os mais abandonados, ajudando-os espiritual e materialmente.
- um grupo vai aos lares de idosos, com o mesmo objectivo: ajudar material e espiritualmente
- organizam retiros espirituais para as famílias e para os jovens
Durante o conflito entre o Peru e o Equador, organizaram uma grande
“Campanha do Rosário” para os militares. Após terem informado todos os
centros militares, receberam tocantes e numerosas cartas, da parte de
oficiais e de soldados. (relatório apresentado no VI Encontros de
Centros Marianos, Kraljice Mira, em Quito, no Equador, em Outubro de
1995).
IX.
Gostaria de concluir com uma mensagem da Gospa, a mensagem de 25 de Novembro de 1994:
“Queridos filhos. Hoje, convido-vos a rezar. Estou convosco e amo-vos a
todos. Sou Vossa Mãe e desejo que os vossos corações se assemelhem ao
Meu Coração. Filhinhos, sem a oração não podem viver, nem dizer que são
Meus. A oração é alegria. A oração é o que o coração humano deseja. Por
isso, aproximem-se, queridos filhos, do Meu Coração Imaculado e
descobrireis Deus. Obrigada por terem respondido ao Meu apelo”.
Pe. Slavko Barbarić, ofm, 1996
P http://www.medjugorje.org.br/secao.php?menu=espiritualidade®istro=5
ublicado originalmente em:
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