O Rosário é um ‘Evangelho compendiado’, que dará aos que o rezam rios de paz
O Rosário da Virgem Maria é o resumo das Sagradas Escrituras, o “compêndio do Evangelho”1. Nele, contemplamos o rosto de Cristo, no Espírito Santo, escutando a voz do Pai, pois “ninguém conhece o Filho senão o Pai”2.
Essa fonte nos foi revelada pelo próprio Cristo: “Não foram a carne nem
o sangue quem to revelou, mas o meu Pai que está nos céus”3.
Os mistérios de Deus dependem de uma revelação do alto e só a
experiência do silêncio e da oração oferecem o ambiente adequado para a
contemplação. O Rosário favorece essa experiência de escuta da voz de
Deus e, consequentemente, a contemplação do rosto de Cristo e de Seus
mistérios.
Antes de São João Paulo II, o Beato Papa Pio IX já ensinava que o Rosário é um “Evangelho compendiado”4, que dará aos que o rezam rios de paz5
de que nos fala a Escritura. Depois de um longo pontificado, já em seu
leito de morte, Pio IX deixou-nos um magnífico e comovente testamento
espiritual. Questionado por um clérigo sobre o que pensava naquele
momento derradeiro, respondeu: “Que hei de pensar, filho meu! Veja:
estou contemplando, calmamente, os quinze mistérios que adornam as
paredes deste quarto, que são outros tantos quadros de consolo. Se
visses como me animam! Contemplando os mistérios gozosos, não me lembro
das minhas dores. Pensando na cruz, sinto-me confortado enormemente,
pois vejo que não sou sozinho no caminho da dor, mas que adiante de mim
vai Jesus. E quando considero os da glória, sinto grande alegria, e me
parece que todos os sofrimentos se convertem em resplendores de glória.
Ó, como me consola o Rosário neste leito de morte!”6. Depois
de dizer tão belas palavras sobre o Rosário, deixa-nos seu testamento
espiritual: “Seja este, filhos meus, meu testamento para que vos
lembreis de mim na terra”7.
O Papa Paulo VI descreveu sabiamente o Saltério Mariano: “Oração evangélica, centrada sobre o mistério da encarnação redentora, o Rosário é, por isso mesmo, uma prece de orientação profundamente cristológica.
Na verdade, o seu elemento mais característico – a repetição litânica
do “Alegra-te, Maria”– torna-se também ele louvor incessante a Cristo,
objetivo último do anúncio do Anjo e da saudação da mãe do Batista”8: “Bendito o fruto do teu ventre”9.
A repetição da Ave-Maria constitui o enredo sobre a qual se desenrola a
contemplação dos mistérios. O Jesus que cada Ave-Maria recorda é o
mesmo que a sucessão dos mistérios propõe como Filho de Deus e da Virgem
Maria: “nascido numa gruta de Belém; apresentado pela mesma Mãe no
Templo; um rapazinho ainda, a demonstrar-se cheio de zelo pelas coisas
de seu Pai; depois, Redentor, agonizante no horto, flagelado e coroado
de espinhos; a carregar a cruz e a morrer sobre o Calvário; por fim,
ressuscitado da morte e elevado à glória do Pai, para efundir o dom do
Espírito”10.
Para reforçar a centralidade de Cristo
na oração do Rosário, o Papa João Paulo II inseriu – deixando à livre
valorização de cada pessoa e das comunidades – os mistérios da vida
pública de Cristo. Pois, nesses mistérios, contemplamos aspectos
importantes da pessoa de Cristo como revelador definitivo de Deus. Jesus
é declarado Filho dileto do Pai no batismo do Jordão11,
anuncia a vinda do Reino, testemunha-o com as obras e proclama as suas
exigências. Nos anos da vida pública de Cristo, Seu mistério, de forma
especial, mostra-se como mistério de luz: “Enquanto estou no mundo, sou a
Luz do mundo”12.
Assim, para que o Rosário seja mais
plenamente o “compêndio do Evangelho”, é conveniente que, depois de
recordarmos a Encarnação e a vida oculta de Cristo, nos mistérios
gozosos, e antes de meditarmos sobre os sofrimentos da Paixão, nos
mistérios dolorosos, e o triunfo da Ressurreição, nos mistérios
gloriosos, devemos meditar também sobre alguns momentos particularmente
significativos da vida pública de Jesus, nos mistérios luminosos. Esta
inserção dos mistérios da luz faz do Rosário um resumo de todo o
Evangelho, uma “verdadeira introdução na profundidade do Coração de
Cristo, abismo de alegria e de luz, de dor e de glória”13.
Meditar com o Rosário significa entrar no mistério de Deus e entregar as
nossas necessidades aos corações misericordiosos de Jesus e de Maria. “O Rosário ‘marca o ritmo da vida humana’ para harmonizá-la com o ritmo da vida divina, na comunhão da Santíssima Trindade, destino e aspiração da nossa existência”14.
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Referências:
1. PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 18.
2. Mt 11, 27.
3. Mt 16, 17.
4. ALBERTON, Padre Valério, SJ. Os Papas e o Rosário: O Rosário hoje. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 1984, p. 30.
5. Cf. Is 48, 18; 66, 12.
6. PADRE VALÉRIO ALBERTON, SJ. Op. cit., p. 30.
7. Idem, ibidem.
8. PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis cultus, 46.
9. Lc 1, 42.
10. PAPA PAULO VI. Op. cit., 46.
11. Cf. Lc 3, 22.
12. Jo 9, 5.
13. PAPA JOÃO PAULO II. Op. cit., 19.
14. Idem, 25.
2. Mt 11, 27.
3. Mt 16, 17.
4. ALBERTON, Padre Valério, SJ. Os Papas e o Rosário: O Rosário hoje. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 1984, p. 30.
5. Cf. Is 48, 18; 66, 12.
6. PADRE VALÉRIO ALBERTON, SJ. Op. cit., p. 30.
7. Idem, ibidem.
8. PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis cultus, 46.
9. Lc 1, 42.
10. PAPA PAULO VI. Op. cit., 46.
11. Cf. Lc 3, 22.
12. Jo 9, 5.
13. PAPA JOÃO PAULO II. Op. cit., 19.
14. Idem, 25.
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